Além de ter sido a primeira, foi a marca nacional de molinetes mais vendida do Brasil até os anos 1990 e a única da época que ainda está de portas abertas. Desenvolveu o molinete que fez parte da tralha da maioria dos pescadores experientes e é quase uma lenda entre os mais novos. Conheça uma tradição que atravessa gerações da família Paoli e de pescadores brasileiros
Cada peça é uma história”, revela Dirceu Agostini sobre os 56 anos da primeira fábrica de molinetes do Brasil: a Paoli, Paoli & Cia Ltda. Como funcionário mais antigo, seu Dirceu guarda um pouco dessa história, assim como tantos outros que já tiveram uma ocupação na fábrica. As lembranças são recordadas também pelos pescadores brasileiros, pois os que não tiveram um desses, ao menos já ouviram falar.
Existem fiéis defensores desse “trator” — que aguenta fazer tudo —, especialmente os pescadores de praia. E há, também, os que adquiriram um Paoli há 30 anos ou mais e que, ao reencontrá-lo após longo tempo sem uso, são surpreendidos por ele ainda estar intacto. Tão curioso quanto isso é o fato de que, até hoje, são fabricados os mesmos modelos desde 1962, quando foi lançado o primeiro, o Super Paoli.
Quem nos conduz pelo pátio da fábrica instalada na rua Ricardi Cavatton, no bairro da Lapa, em São Paulo, é Octávio Paoli Filho, neto do fundador Rodolpho Paoli. Porém, antes de ter sua linha de montagem de molinetes no prédio atual, um longo caminho foi percorrido pelo patriarca. Não o espacial, já que nunca deixou a Lapa, bairro no qual a família sempre residiu e que abrigou a fábrica em outros três endereços — nas ruas George Smith, Ponta Porã e Clemente Álvares —, mas a distância, muitas vezes tortuosa, entre o sonho e a realidade. E Rodolpho, ferramenteiro-chefe da Estrada de Ferro de Jundiaí, estava disposto a percorrer esse caminho ao abandonar o posto para se dedicar a um negócio próprio.
No início, no ano de 1951, o empreendimento era modesto. Rodolpho fabricava colchetes de roupa, carburadores de lampião e agulhas de saco na garagem de sua casa. Entretanto, ele era um visionário que vislumbrava um novo projeto. Em 1955, fundou a Paoli, Paoli & Cia Ltda com a razão social que existe até hoje. Ele continuou a fabricação dos mesmos produtos e acrescentou outros, como os giradores, e chegou a fazer anzol da mesma tecnologia utilizada na agulha de saco.
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